A Revolta do Laboratório
Tudo começou no final do segundo semestre, nossos guerreiros estavam na reta final, haviam passado por provas e EPs tortuosos, além dos laboratórios onde alguns, infelizmente, não conseguiram realizar corretamente seus experimentos. Mas, como tudo na vida, não podiam simplesmente parar e tentar novamente. Eles tinham que prosseguir, sem olhar para trás. Após semanas olhando para incontáveis As, Gs, Cs e Ts, nossos heróis terminavam seus relatórios e suas apresentações. Quando de repente, mediante ao caos instaurado pelo reino, a batalha final estava sobre um nevoeiro de incerteza. Será que ela ocorreria? Nossa mentora não dava notícias, como se os corvos e os mensageiros fossem abatidos pelo mal. No meio desta situação, o grupo se reuniu em um último esforço para a contatar. Farrod, o sábio, os aconselhou a aguardar, pois a resposta não estava a tardar. No último instante, quando todos achavam que a batalha seria perdida pela falta de numerosos combatentes, a mentora enviá-lhes uma mensagem, a batalha não seria travada, pois o caos estava grande no reino. E assim, nossos guerreiros puderam descansar para a semana que viria a seguir, cercada de desafios jamais imaginados, que eram capazes de destruir qualquer exército que não estivesse com o espírito alinhado com o fio de sua espada.
As grandes lendas nunca morrem:
"Nunca vou me esquecer dessa história, meus pais sempre me contavam antes d'eu ir dormir... Vamos lá...
Era só mais uma noite amena de outono, ou pelo menos era isso o que parecia para aqueles que tiveram o prazer de pouco saber. Os segundos passavam, chegavam os minutos e as batidas do relógio levavam os vinteoitenses à insanidade. O tempo já não caminhava ao lado da razão, não se tratava mais de algo mensurável, estava torpe, enebriado por uma falta de resposta, sinal ou até mesmo da sua própria conclusão. Os vinteoitenses já não aguentavam o sentimento de estar à deriva, largados sem resposta da sua professora; logo mais o novo dia iria começar e esses pequenos desgarrados não tinham noção de como fariam para viajar até seu amado laboratório...
O que poucos sabem é que aquele era um dia de lua cheia, ou quase, "A lua de hoje está 84.63% visível e está crescendo. Faltam 3 dias para a fase Lua Cheia.", dizia um velho do meu vilarejo chamado "https://www.calendarr.com/brasil/lua-hoje/"; e o que poucos dos poucos sabem é que nos dias de lua cheia (ou 3 dias antes deles) os Tigrões mostram suas verdadeiras garras... Atordoado e desamparado, um dos últimos de sua espécie, Gabriel, codinome Tigrão Tiger, se enfureceu; o antes pacífico aluno pŕodígio se tornara um monstro, agora movido pelo mais puro ódio, que só os maiores tigrões são capazes de ter, ele estava determinado a acabar com a professora de biologia que não retornava a resposta do seu e-mail, que havia sido enviado com quase uma semana de antecedência.
Tudo bem meu carx? Não está entendendo a história direito? Tudo certo, vou contextualizar, a mestra das bilogias, Marie-Anne Van Sluys, não enviava uma importante resposta para a sala, a de se haveria aula ou não na sexta-feira. Entendo, ainda não é o suficiente para você? Decerto, vou explicar melhor ainda, naquela sexta, segundos os grandes monges de minha vila, estava sendo discutida a existência de uma greve, principalmente em relação aos funcionários do metrô, o que implicaria na falta de diversos alunos na grande apresentação dos resultados do laboratório de biologia. Agora tudo faz sentido, Tigroso tentou se precaver enviando um e-mail na segunda e nada de resposta até uma das últimas badaladas na noite quinta.
Enfurecido, Tiger escreveu um e-mail que expressava todo seu ódio, mas ainda sim era formal e direto; era quase uma poesia, mas não daquelas rasas encontradas como legendas de fotos do Instagram, era algo mais Fernando Pessoa, algo que claramente possuía influências que iam do barroco, arcadismo ou até mesmo de um bom Drummond (alguns acreditam até haver influência do repente). Ele era feroz, mas tinha noção que suas garras eram das mais afiadas, por isso ele pediu conselhos de um grande ancião, Fabio Rodrigues, o coordenador do curso. Depois de umas poucas doses de Ayahuasca, o antigo indomável tigre via as coisas um pouco mais diferente, ódio, compaixão, já não existia mais diferença, ele estava enxergando o que existia além. Enquanto refletia sobre seu e-mail e via a sala desesperada, sua mente só pensava "Eu não quero ser um herói, mas eles precisam de um agora", ele era humilde, não queria se colocar ao cargo de liderar tal batalha, mas algo precisava ser feito; mas antes, mais um gole de Ayahuasca. Enquanto ele bebia, sentia o calor do seu corpo aumentar, algo havia mudado, uma energia que ele nunca havia sentido antes, ele estava motivado, estava descontrolado, agora ele entendia tudo, ele ia mandar o e-mail, tudo ia mudar, era agora ou nada, era pra valer... Ou não, a grande Sra. Van Sluys acabara de enviar um e-mail avisando que não haveria aula, tudo, tudo que ele havia lutado por, sua jornada, o tempo, tudo... Tudo havia virado nada...
Não havia mais nada que pudesse ser feito... Além de um outro gole de Ayahuasca. Foi naquele momento que Farod apareceu, Tiger já não entendia mais o que estava acontecendo, o grande monge agora tentava explicar pra ele, que tudo não passara de um teste, a primeira parte da sua jornada do herói como cientista. Eram muitas emoções para o coragem de um só Tiger, ele estava aliviado que a situação havia se acertado, mas por que agora? Depois que ele teve de criar tanta coragem, depois de tomar uma decisão difícil, que contrariava seus próprios instintos felinos. Nada mais fazia sentido. Quando tentou beber mais uma vez da Ayahuasca, Farod começou a rir, Gabriel estava perplexo.
- Por que estás rindo?, perguntou o estudante.
- "Você não percebe?", respondeu o grande sábio.
- "Perceber o quê? Nada aqui mais faz sentido", respondia Tiger já cansado de tudo.
- "Seu último teste é claro!"
- "Que teste?"
- "Qual teste que poderia ser? Para entrar no CM é claro!"
- "Mas eu já estou no CM, estou aqui há um ano!", exclamava Tigrão, enfurecidamente.
- "Vocês, alunos mortais, são tão ingênuos... Acha mesmo que a prova do CM se tratava só daquela prova e a entrevista? Nunca parou para pensar que faltava algo a mais?" Naquele momento o tigre olhou, a sua Ayahuasca havia desaparecido.
- "O que está acontecendo?! Não estou mais entedendo nada! Faça isso parar!", suplicava o aluno de ouro.
- "Não se preocupe jovem, tudo vai correr bem. Vou te explicar... Já leu 'A profissão', de Isaac Asimov?"
- "Não... Deveria?"
- "Todos deveriam, mas o livro não é mais produzido desde 80 no mundo inteiro, então foda-se. Mas voltando ao assunto principal, as provas, entrevistas, tudo é mentira."
- "Como assim?"
- "Sim, pode parecer chocante, mas tudo aquilo não passou de um grande teatro. Nós já escolhemos os alunos que vão entrar no curso bem antes mesmo da FUVEST, tudo isso que aconteceu até agora foi parte de um grande teste. Estamos te monitorando há anos e sentimos que agora era sua hora de fazer a prova final, a prova para entrar no Curso de Curso de Ciências Moleculares!"
- "..."
- "Não está comemorando porque?", espantado perguntou o sábio.
- "..."
- "Não está feliz?"
- "..."
"Tiger..." foram essas as palavras que ecoavam enquanto o antes estudante prodígio dava as costas para seu antigo mestre. Muitos especulam o que pode ter acontecido, mas ninguém tem certeza, alguns acreditam que ele curou seu coração e entrou para o tão esperado Curso de Curso de Ciências Moleculares, outros já acreditam que ele fundou seu próprio curso especial da USP, um curso no qual as pessoas nunca passariam pelo que ele passou. Mas o que poucos sabem, é que já tô escrevendo essa merda faz um tempo... E acabei de perceber que investi mais de 10 minutos da minha vida escrevendo isso daqui, então já tô cansado, a cada frase escrita que eu leio, percebo como minha sanidade está se esvaecendo aos montes, vou dormir. (Texto metalinguístico, só coisa top e culta)